Acústica
A palavra acústica tem origem na palavra grega akouein, que significa ouvir. No entanto, o significado que se lhe atribuiu nos tempos modernos transcende em muito os sons que ouvimos. A utilização da palavra, como ciência que estuda o som, surgiu no século XVIII. segundo Lindsay (1972), o cientista francês Joseph Sauveur foi o primeiro a utilizar a palavra acústica no sentido que hoje se lhe atribui, num opúsculo datado de 1701: Système General Des Intervalles des Sons. No prefácio do artigo, Sauveur escreve:
“... J’ay donc crû qu’il y avoit une science superieur à la Musique, que j’ay appellée Acoustique, qui a pour objet le Son en general, au lieu que la Musique a pour objet le Son entant qu’il est agreable à l’oüie.”
Dezoito anos mais cedo, em 1683, Narcissus Marsh (1638-1713), na ocasião bispo de Ferns e Leighlin da Igreja Protestante Irlandesa publicou o artigo: An Introductory Essay to the Doctrine of Sounds, Containing Some Proposals for the Improvement of Acousticks. Beyer (1995) considera que Sauveur foi o primeiro a utilizar o termo acústica num sentido lato, embora Marsh o tenha usado mais cedo num sentido mais restrito. Marsh usou o termo "acousticks" como significado de som direto em oposição a som refletido e som refratado (Raichel, 2000). Ainda segundo Beyer (1995), Sir Francis Bacon no seu livro Advancement of Learning (1604) fazia referência à acústica embora a palavra (acoustica) só aparecesse numa versão do seu livro em latim, datada de 1634. (HENRIQUE, 2003, p. 23) Acústica designa o ramo da física que estuda o som. A acústica musical estuda cientificamente todos os aspectos relacionados com a produção, propagação e recepção do som para fins essencialmente musicais. Como disciplina científica, a acústica musical é relativamente recente, constituindo uma área sui generis porque envolve ciência e arte. (HENRIQUE, 2003, p. 6) Sundberg (1991) defende que se deve usar o termo "acústica da música" em vez de acústica musical, argumentando que "musical" é um adjetivo que se refere a um dom que certas pessoas possuem. Embora a observação de Sundberg seja pertinente, a tradição de utilização da expressão tem muito peso. Por outro lado, existem muitas expressões idênticas: diz-se história da música, mas também educação musical, estética musical, análise musical etc. Considerando que o termo acústica musical é genericamente aceite para referenciar esta matéria, optamos pela sua utilização. (HENRIQUE, 2003, p. 9) Segundo (SADIE, 1994, Acústica), acústica é a ciência do som e da audição. Trata das qualidades sônicas de recintos e de edificações, e da transmissão do som pela voz, por instrumentos musicais ou por meios elétricos. O som é gerado por vibrações transmitidas à atmosfera pela fonte sonora como flutuações de pressão, e daí ao tímpano do ouvinte. quanto mais rápida a vibração (ou maior sua "frequência") mais agudo o som. Quanto maior a amplitude da vibração, mais intenso será o som. A maioria dos sons musicais consiste não apenas de vibrações regulares em uma frequência particular, mas também de vibrações em vários múltiplos dessa frequência. A frequência do Dó central é de 256 ciclos por segundo (ou Hertz, abrev. Hz); mas quando se ouve um dó central, há componentes do som vibrando 512Hz, 768Hz, etc. A presença e a força relativa desses harmônicos determinam a qualidade do som. A diferença de qualidade, por exemplo, entre uma flauta, um oboé e um clarinete tocando a mesma nota é que o timbre da flauta é relativamente "puro" (isto é, tem poucos e fracos harmônicos), o do oboé é rico em harmônicos mais agudos, e o do clarinete tem uma preponderância de harmônicos ímpares. O espectro harmônico característico a cada um deve-se basicamente ao modo pelo qual a vibração do som é ativada (na flauta, pela passagem de ar através de uma fenda ; no oboé, pela palheta dupla e, no clarinete, pela palheta simples), além da forma do tubo acústico. Quando os lábios do executante são o agente vibrador, como na maioria dos instrumentos da família dos metais, o tubo é capaz de produzir tanto a nota fundamental quanto outros harmônicos, por meio da pressão labial do executante. A coluna de ar vibratória é apenas um dos meios tradicionais de se criar um som musical. Quanto mais longa a coluna, mais grave a altura do som; o executante pode elevar a altura do som destampando orifícios no tubo. No caso da voz humana, o ar é posto em movimento por meio das pregas vocais e circula na garganta, que converte em som a corrente de ar vinda dos pulmões; a altura desse som é controlada pelo tamanho e pela forma das cavidades na faringe e na boca. No caso de um instrumento de cordas, como o violino, o violão ou o piano, a corda é posta em vibração por (respectivamente) fricção de um arco, dedilhado ou percussão de um martelo; quanto mais retesada e fina a corda, mais rápido ela vibrará. Ao prender a corda contra o espelho do instrumento, tornando assim mais curta a extensão de vibração da corda, o executante pode aumentar a altura do som. Com um instrumento de percussão, como o tímpano ou o xilofone, uma membrana ou um pedaço de madeira são postos em vibração por percussão; às vezes a vibração é regular e produz uma altura de som definida, mas na maioria dos instrumentos de percussão essa altura é indefinida. Na gravação do som, os padrões de vibração estabelecidos pelo instrumento ou instrumentos a serem registrados são codificados por meio analógico (ou, em gravações recentes, digitalmente), em termos de impulso elétrico. Esta informação pode então ser armazenada, em forma mecânica ou elétrica, e em seguida decodificada, amplificada e direcionada a altifalantes, que por sua vez transmitem o mesmo padrão de vibração ao ar. O estudo da acústica de edificações é deveras complicado em função da variedade de modos através dos quais o som é emitido, refletido, difundido, absorvido, etc. O projeto de edificações para apresentações musicais tem de levar em conta questões como a expansão uniforme e regular em todas as partes da edificação, equilibrando clareza e combinação de timbres, bem como a direção com que o som refletido poderá atingir a plateia. O uso de matérias específicos (sobretudo madeira e material acústico artificial) e o fracionamento de superfícies, para evitar certos tipos de reverberação do som, desempenham função chave no projeto de salas de concerto; entretanto, esta continua sendo uma arte imprecisa, já que a experimentação e a "afinação" (deslocando-se superfícies, acrescentando-se ressonadores, etc.) costumam ser necessárias. O termo "acústica" às vezes é usado, no caso de uma gravação ou de um instrumento, para significar "não-elétrico": quando métodos elétricos ainda não eram disponíveis (normalmente antes de 1926), eram feitas gravações acústicas; e um violão acústico é aquele não amplificado eletronicamente. REFERÊNCIAS
HENRIQUE, Luis L. Acústica musical. Lisboa : Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. 1130 p.
SADIE, S. Dicionário Grove de Música. Tradução de Eduardo Francisco Alves. Rio de Janeiro : Zahar, 1994. 1060 p. |
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