Harmonia (SADIE, 1994, Harmonia)
Harmonia é a combinação de notas soando simultaneamente, para produzir acordes, e sua utilização sucessiva para produzir progressões de acordes.

Na Idade Média, o conceito de harmonia diz respeito a combinação de duas notas. No Renascimento, a harmonia de três notas tornou-se a norma, e a tríade passou a ser a principal unidade de harmonia (um acorde de três notas, formado de terças). Este ficou sendo o elemento básico da harmonia ocidental até o século XX, mesmo quando a harmonia se compunha de quatro ou mais partes.

A partir do início da era barroca (c. 1600), a harmonia era em geral entendida como sendo os acordes com que uma melodia era acompanhada (como fica implícito pela prática do baixo contínuo ou baixo cifrado).

O estudo da harmonia também dita relações aceitáveis entre acordes sucessivos. Por exemplo, se um acorde é uma dissonância, esta precisa ser resolvida no acorde seguinte (mesmo que esse acorde possa ele próprio incorporar uma outra dissonância).

Na harmonia triádica, a nota fundamental de cada acorde – não necessariamente aquela que está no baixo – é a nota naquele acorde a partir da qual as outras notas podem estabelecer-se numa série de terças ascendentes. Assim, a tríade dó-mi-sol tem dó como a nota mais grave.

Na música medieval e do início do Renascimento, achava-se que mesmo uma tríade perfeita maior era inadequada como último acorde de uma peça, que normalmente incorporaria a nota final. No período 1600-1900, era comum o uso de tríades perfeitas, como acordes conclusivos; mas no século XX, os compositores trataram a dissonância com maior liberdade, e não acharam necessário resolver acordes que, em eras anteriores, seriam considerados dissonantes.

Durante o século XIX, esteve em uso uma alteração de notas muito mais cromática, particularmente em Wagner, e no início do século XX, os princípios da harmonia triádica foram questionados: por compositores como Bartók, o qual (inspirado pela música folclórica da sua região de origem) construiu acordes baseados no intervalo de 4ª; por Schoenberg, utilizando primeiro um método atonal e depois um método dodecafônico de composição; e por Stravinsky, o qual, apesar de sua música ser predominantemente tonal, deixava as dissonâncias irresolvidas para excitar o ouvido.

A harmonia não pode ser dissociada dos aspectos rítmicos da música. Em particular, o uso de dissonâncias e consonâncias pode gerar, pelas tensões que cria, um poderoso impulso para a frente.

A harmonia também pode fornecer indicações de pontuação na forma de cadências – progressões de acordes simples e prontamente identificáveis que marcam o final evidente de uma frase, de forma estereotipada.

A harmonia é encarada às vezes como o "oposto" do contraponto, porque ela funciona basicamente num sentido vertical, enquanto o contraponto parece funcionar horizontalmente. Os dois não se opõem: a maior parte da escrita contrapontística, particularmente a do período 1600-1900, é governada pela progressão harmônica, ao passo que, da mesma maneira, a harmonia se preocupa com o movimento das vozes individuais.

REFERÊNCIA
SADIE, S. Dicionário Grove de Música. Tradução de Eduardo Francisco Alves. Rio de Janeiro : Zahar, 1994. 1060 p.

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